sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Diamantes espalhados no chão negro

Foto retirada da internet
Olhar as estrelas
E não poder dizer
“aquela é a sua”
Qual o sentido?

Como posso dizer que elas são lindas?
Se depois não vou poder olhar para você
E ver seus olhos fecharem
E o seu sorriso crescer

Vai ser difícil encarar as estrelas
O chão negro cheio de pedacinhos de diamantes espalhados
O céu estrelado, o gramado...

De que adianta eu ver as fotografias de Sebastião Salgado
Os trabalhadores em preto e branco
Sem ter você pra dizer
“elas são muito lindas”

Como vai ser olhar para o lado
E não ver você me olhar meiga?
Aquela cabeça de lado
Aqueles olhos quase fechados
Aquele sorriso gigante.

Eu poderia ter escolhido não amar
Poderia ter escolhido não me perder
Mas decidi me apaixonar
E correr o risco de sofrer
Ao invés de perder a chance
De ser um homem apaixonado

Teria perdido todo o infinito que vivi
Nas poucas horas que ficamos juntos

Eu sei que a vida é feita de encontros e desencontros
Que os desencontros são bem maiores
E que esse não foi diferente

Sei que agora
Olhar as estrelas, as fotografias,
Passar as tardes sozinho
Vai ser mais difícil

Mas isto não importa
Pois tudo é mais belo
Quando se ama.


Pablo Vinícius de Oliveira
18/12/2013.


domingo, 8 de dezembro de 2013

"Todos os dias deveriam ser do amor. Simplesmente. Num mundo atualmente tão violento, o que custa amar? Custa um sorriso, custa um abraço, custa um carinho. Vai encarar? "

Já encarei, Musicoteca.

http://www.amusicoteca.com.br/?p=8157#sthash.BW1iD1m0.dpuf

termo

venha sem aviso
de repente
invisível

e me leve o mais
rapidamente
possível

#arnaldoantunes

sábado, 30 de novembro de 2013

Cézanne, Mont Sainte Victoire, eu e as imagens.

 
Paul Cézanne - Mont Sainte Victoire.
As imagens nos falam, e só resta a nós sair do mundo humano, construído, e deixar que as imagens nos questionem. Isso mesmo, que elas também nos observem e que elas também nos falem. É preciso deixar que cada momento seja único, cada minuto apreciado, inspirado, expirado, respirado, conversado.
Cézanne pensava que ao pintar era preciso esquecer todo o resto. Há um minuto do mundo que passa e esse deveria ser pintado, dizia Cézanne. Devemos dar à imagem aquilo que vemos, mas quase nunca isso é possível, sempre quando olhamos a imagem milhares de pensamentos tomam a nossa cabeça. Uma meditação sobre o mundo que nos cerca nos é revelado a cada parada que fazemos para contempla-la.
Mas antes de tudo, sabemos que não podemos mais fugir disso, é essa a realidade que nos rodeia, não nos permite mais sermos inocentes, nunca, já nascemos com a obrigação de saber, de conhecer. Não podemos pintar a imagem como ela é, por que não podemos ser ignorantes por que queremos, não podemos ignorar todo o mundo em que vivemos.
Toda imagem é uma forma de mostrar o que se tem em frente aos olhos, ou mesmo o que construímos em nossas cabeças. Mas é antes, expressar o que sentimos, e a realidade que vivemos. Expor no visível o que nos transborda no peito. Não importa que seja na pintura, nos desenhos ou mesmo na fotografia. Em qualquer imagem sempre estará lá o reflexo dos momentos e acontecimentos, dos sentimentos, inspirações, expirações e respirações.
E precisamos sempre esperar que tudo isso que é posto nas imagens nos faça sentido. Que paremos e repensemos nosso mundo, nossa realidade e nossa historia, é preciso sempre reconstruir, ou mesmo construir o novo a partir das imagens que vemos a todo o instante, mas principalmente aquelas que paramos por pelo menos um minuto para observar.
Mas é necessário antes que entendamos que não só nós que estamos a observar. Elas também nos olham. Quantas vezes já nos percebemos como observados pelas imagens que nos cercam? Quantas vezes foram as imagens que falaram a nós?
Merleau-Ponty nos falava isso quando tratava de Paul Cézanne. Há quem imagine que seria obsessão de Cézanne com o Mont Sainte Victoire, o qual ele pintou cerca de sessenta vezes. Ponty entendia de outra maneira. Ele dizia: é a montanha que, desde lá longe, se faz ver ao pintor. Era essa montanha a quem Cézanne incansavelmente questionava. Era ela que fazia ele a ver. Ela o chamava, falava com ele, e ele a interrogava a cada minuto. O que a faria dela visível montanha?
O que tanto aquela imagem transpassava Cézanne? O pintor deve ser transpassado pelo mundo, pois este é o mundo que fala ao pintor, e este deve estar de ouvidos apostos sempre para ouvir tudo o que o mundo e as imagens estão a lhe dizer, e assim questiona-las, e construir sua historia.
Merleau-Ponty completava que já não sabemos quem é que vê e quem é visto. É como um fluxo, inspiração e expiração do ser, respiração no ser. Diz Ponty que a ação e a paixão estão pouco discerníveis que já não sabemos quem vê e quem é visto, quem pinta e quem é pintado. É o próprio pintor que está ali naquela imagem, quando pinta não pinta só o mundo, pinta sua historia e ele mesmo.
Assim também era Cézanne, que não pintava apenas o Mont Victoire, pintava ele mesmo, e todas os seus questionamentos e aquilo que a própria imagem, o próprio monte o questionava.
E aqui também me ponho a pensar se a fotografia não é também a superação da imagem capturada pela lente, para algo que fala e que estava a nos observar. Aqui me lembro de uma serie de fotos que fiz do pequeno sitio do meu avô. Assim como Cézanne algo me chamava atenção na serra que fica ao sul daquele lugar, ela me falava e me questiona algo. E nesta serie de fotos em muitas ela se fazia presente, como um elemento que não poderia faltar, mesmo que em segundo plano.
O que aquela imagem me falava? Não tenho certeza. Mas algo nela me atraia, me chamava. E talvez assim como nas pinturas, eu não fotografasse apenas aquela imagem que me falava, eu fotografasse eu mesmo, a minha história, todos os questionamentos que ela me fazia sempre que eu parava para observa-la, a minha vontade incontrolável de estar naquele lugar, no sitio de meu avô, talvez fosse pra ouvir aquilo que aquela serra me dizia, para olhá-la, para ter inspiração e expiração do ser, respiração no ser.
Logo quando compartilhei uma dessas fotografias com amigos, uma comentou: Essa serra aí atrás faz parte da minha história, desde a infância eu olho pra ela do terreiro da minha casa. E eu percebi que ela não fala só a mim, que ela fala a todos aqueles que pararam para observá-la.
Esta imagem de Cézanne me trouxe a tona que eu também tenho uma serra que me fala, que me ajuda a construir minha história, e não só a minha. E eu me coloco agora a me perguntar: de que maneira seria aquela serra se, assim como Cézanne que pintava a sua montanha da maneira que ela aparecia para ele, eu fosse pintar a serra que parecia para mim? Que espaço aquela imagem, que desde a minha infância eu obsevo, ocuparia na minha pintura?
Só tenho a dizer que as imagens nos falam, nos questionam, que elas nos inspiram e expiram, que elas nos fazem respirar. Nos resta observá-las e permitir que elas nos falem.
 




 Pablo Vinícius de Oliveira Albuquerque.






Fotos: Pablo Vinicius de Oliveira.
Referencias:
RANCIÈRE, Jacques. O espectador emancipado. In: Questão de Crítica: revista eletrônica de críticas e estudos teatrais. Trad. Daniele Avila. 10 mai. 2008. Disponível em: . Acesso em: 11 nov. 2013 às 01h05min.

MERLEAU-PONTY, Maurice. O olho e o espírito. São Paulo, Cosac & Naify, 2004.

DE LIMA, João Tiago Pedroso. Maurice Merleau-Ponty, Paul Cézanne e o Problema da Essência da Pintura. Disponível em: <http://www.uc.pt/fluc/dfci/publicacoes/maurice_merleau>. Acessado em: 26 de Nov. 2013 às 09h00min.

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Poema da hora que lhe encontro

Desculpa, moça
É que não enxergo mais ninguém
Para além ou aquém de você
E isso é ganhar meu dia.
Faço uma revolução em mim
Todas as vezes que lhe vejo

Se meu coração bate forte
Será que ainda posso lhe ver outra vez?

Esquecer o mundo com você
É melhor que relembrar a infância.

Dizem que as coisas acontecem em vão
Mas tudo sempre tende a evolução
O que evolui em nós?


Pablo Vinicius de Oliveira

31/10/2013