domingo, 20 de novembro de 2011

Zumbi (a Felicidade Guerreira).

Zumbi, comandante guerreiro
Ogunhê, ferreiro-mor capitão
Da capitania da minha cabeça
Mandai a alforria pro meu coração

Minha espada espalha o sol da guerra
Rompe mato, varre céus e terra
A felicidade do negro é uma felicidade guerreira
Do maracatu, do maculelê e do moleque bamba

Minha espada espalha o sol da guerra
Meu quilombo incandescendo a serra
Tal e qual o leque, o sapateado do mestre-escola de samba
Tombo-de-ladeira, rabo-de-arraia, fogo-de-liamba

Em cada estalo, em todo estopim, no pó do motim
Em cada intervalo da guerra sem fim
Eu canto, eu canto, eu canto, eu canto, eu canto, eu
canto assim:

A felicidade do negro é uma felicidade guerreira!
A felicidade do negro é uma felicidade guerreira!
A felicidade do negro é uma felicidade guerreira!

Brasil, meu Brasil brasileiro
Meu grande terreiro, meu berço e nação
Zumbi protetor, guardião padroeiro
Mandai a alforria pro meu coração

Waly Salomão.

Negro Rei.

Ayê
Ayê mãe África
Seus filhos vieram de longe
Só pra sofrer
Ayê
Ayê mãe África
Todo guerreiro
No seu terreiro
Sabe sua lei
E vai coroar negro rei.

Ayê, ayê, ayê

Ika adobale ô
Ika adobale a
Ika adobale a, ea
Mãe África

Prende a tristeza meu erê
Sei que essa dor te faz sofrer
Mas guarda esse choro
Isso é um tesouro
Ó filhos de rei

O sol que queima a face
Aquece o desejo mais que otin
O sal escorre no corpo
E a dor da chibata é só cicatriz
Quem é que sabe como será o seu amanhã
Qualquer remanso é o descanso pro amor de Nanã
Esquece a dor axogun
Faz uma prece a Olorun
Na força de Ogun

Prende a tristeza meu erê
Sei que essa dor te faz sofrer
Mas guarda esse choro
Isso é um tesouro
Aos filhos de rei

Ayê yê yê, ayê yê yê
Ayê yê yê, ayê yê yê
Ayê mamãe África, o meu ilê
Ayê yê yê, ayê yê yê
Ayê yê yê, ayê yê yê
Brasil, mamãe África, meu ilê 


Cidade Negra.

sábado, 5 de novembro de 2011

Cantos elegíacos de amozade.


(...)

16.
a ganância de Wall Street
faz com que meu verso grite
a pobreza de Manila
o meu canto aniquila
o baticum da Bahia
dá um sopro de alegria
se chora Jerusalém
a rima rica não vem
porém se você acena
o mundo se açucena
a poesia também

(...)

Um trechinho de Cantáteis: Cantos elegíacos de amozade, de Chico César.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Sobre o Dispor de um Momento para Si.


Indaga sobre aqueles cujos nomes são conhecidos de todos e verás por que o são: este cuida daquele, que cuida de outro; ninguém cuida de se mesmo. Além disso, é extremamente irracional a indignação de alguns, pois se queixam do desprezo de seus superiores, mas eles próprios não se procuram, embora desejassem. Quem ousará reclamar da soberba do outro, quando ele mesmo não dispõe de um momento para si? (...). Tu não levaste em consideração nem a ti mesmo. Assim, não há motivos para que cobres teus favores a quem quer que seja, já que, quando os fizeste, foi por querer estar com o outro e não consigo mesmo.

Sêneca. Sobre a Brevidade da Vida. Cap. II.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Nota de Esclarecimento – JPT

A Juventude do Partido dos Trabalhadores – JPT vem respeitosamente esclarecer algumas noticias e opiniões sobre a entidade juvenil no Município de Janduís/RN, após a publicação de vários blogs a respeito de uma possível saída e desconstrução da direção municipal da JPT neste município.

Na tarde de domingo (9 de outubro) alguns companheiros que integram a JPT e alguns simpatizantes reuniram-se não oficialmente, para discutir o posicionamento que tomariam, pois estavam descontentes com alguns fatos que se apresentavam na conjuntura e na ética do partido e de alguns membros. Diante dos fatos apresentados decidiram retirar-se do Processo da JPT, pois alem de discordarem de muitos acontecidos haviam se decepcionado com alguns companheiros. Infelizmente alguns blogs de nossa cidade publicaram matérias não autorizadas que distorciam o que um de nossos companheiros tinha antes colocado.
Diante disso a direção da JPT reuniu-se oficialmente neste dia 12 de outubro do corrente ano, e todos os presentes esclareceram seus posicionamentos além de colocar as verdades dos fatos que incluíam o nome do integrante Emanuel Almeida da Juventude Petista, e outros fatos que incomodavam estes companheiros. Emanuel esclareceu o seu posicionamento construtivo aos demais membros, relatando que a juventude tem um papel importantíssimo diante da construção do PT em Janduís, principalmente diante dos últimos fatos ocorridos.
Feitos os devidos esclarecimentos os integrantes da JPT, Pablo Vinicius, Pedro Henrique e João Eudes Alves, relataram que não tinham o interesse de sair do Partido dos Trabalhadores, mas tinham assim decidido já que muitas coisas os incomodavam, mas diante do que foi colocado os mesmos irão continuar participando de todas as atividades partidárias e integrando a direção municipal da Juventude do Partido dos Trabalhadores.
Outro fato que foi colocado nesta reunião foi o posicionamento contrário a atitude dos ex-companheiros que deixaram o quadro do Partido dos Trabalhadores e estão fundando o Partido Social Democrático (PSD) no município de Janduís, fato este que pesou na coerente decisão dos jovens petistas em continuar integrando os quadros de filiados do Partido dos Trabalhadores e principalmente continuar com a devida ética, sem perder a responsabilidade de manter o PT como o principal partido do Brasil, e ter a certeza que este partido terá na sua juventude todo o empenho e garra para continuar conquistando mentes e corações para o desenvolvimento de uma sociedade mais justa e igualitária.
Também discordam da conjuntura apresentada no nosso partido nos dias atuais, pois achamos que a coerência ideológica e o compromisso com o povo seja mais importante que um mero cargo de governo, se este distorce o ideal partidário e rompe com as praticas defendidas em toda a historia da instituição. Condenamos também essa suposta ética da responsabilidade que tenta impedir a autocrítica e o debate político, criminalizando a militância que questiona algumas práticas e decisões tomadas, seja por considerá-las equivocadas ou incoerentes com a ideologia pregada no programa de nosso partido.
Diante de todos os fatos colocados, reafirmamos nossa posição de luta, e de combate as praticas corruptas e de desrespeito com a classe trabalhadora. Sempre unidos em prol de um único propósito: o socialismo e o bem-estar de toda a população. A JPT é uma instituição unida, onde seus membros são mais que companheiros, são também amigos.



Entre o socialismo e a barbárie, optamos pelo socialismo!

 
Juventude do Partido dos Trabalhadores de Janduís – JPT Janduís.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

15 anos sem Renato Russo.



‘É tão estranho
Os bons morrem jovens
Assim parece ser
Quando me lembro de você
Que acabou indo embora
Cedo demais’

‘É tão estranho
Os bons morrem antes
Me lembro de você
E de tanta gente que se foi
Cedo demais!
E cedo demais...’



“Você foi embora cedo demais.”


Renato Russo – Legião Urbana


segunda-feira, 10 de outubro de 2011

O Homem e o Tempo.



Há entre o tempo e o homem
Contradições bem fatais:
O homem não faz, mas diz,
O tempo não diz, mas faz,
O homem não traz, nem leva,
Mas o tempo leva e traz.



João Viana dos Santos – João Benedito

sábado, 1 de outubro de 2011

Sobre os Romanticos.


Se decidir ser cínico será uma escolha infeliz. Os cínicos normalmente têm razão. Os românticos normalmente estão errados. Mas um romântico só precisa estar certo uma vez na vida... Quanto encontra o seu verdadeiro amor.


Seroff no Filme  ‘O Mestre da Vida’.

Grito em Silêncio.

Uma tristeza me abalou hoje
Foi como uma saudade
Que não sei explicar de que,
De onde, de que tempo.

Parece uma falta
Um desejo meio sem sentido
É uma saudade do que nunca tive
Não faz sentido, eu sei.

Mas é essa minha sensação
Nem ao menos sei de que é
O que me angustia, por que
Sei que fui afetado

Não só afetado
Fui abatido, ainda oprimido
Pelo meu próprio sentimento
Que não sei explicar nem para mim

Penso que seja esse tal
Que agora tento denominar
Grito em silêncio
Que por algum motivo

Me transforma e me faz
Me faz um dia menino
Outro dia homem
Outro de apenas se faz

Pablo Vinícius 

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Sobre a Brevidade da Vida.

Não temos exatamente uma vida curta, mas desperdiçamos uma grande parte dela. A vida, se bem empregada, é suficientemente longa e nos foi dada com grande generosidade pra a realização de importantes tarefas. Ao contrario, se desperdiçada no luxo e na indiferença, se nenhuma obra é concretizada, por fim, se não se respeita nenhum valor, não realizamos aquilo que deveríamos realizar, sentimos que ela realmente se esvai.
Desse modo, não temos uma vida breve, mas fazemos com que seja assim. Não somos privados, mas prodigo de vida. Como grandes riquezas, quando chegam às mãos de um mau administrador, em um curto espaço de tempo, se dissipar, mas, se modesta e confiada a um bom guardião, aumentam com o tempo, assim a existência se prolonga por um longo período para o que sabe dela usufruir.




Sêneca. Sobre a Brevidade da Vida.

domingo, 25 de setembro de 2011

Pátria Minha


(...)

Se me perguntarem o que é a minha pátria direi:
Não sei. De fato, não sei
Como, por que e quando a minha pátria
Mas sei que a minha pátria é a luz, o sal e a água
Que elaboram e liquefazem a minha mágoa
Em longas lágrimas amargas.

(...)

Não te direi o nome, pátria minha
Teu nome é pátria amada, é patriazinha
Não rima com mãe gentil
Vives em mim como uma filha, que és
Uma ilha de ternura: a Ilha
Brasil, talvez.

(...)

(...)"Pátria minha, saudades de quem te ama...
Vinicius de Moraes."

       
Vinicius de Moraes - Poesia Completa e Prosa

Mafalda.....




Alguém tem algum remédio aí...?    

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Diferença entre pensamento e Discurso.

Estrangeiro: Pensamento e discurso são, pois, a mesma coisa, salvo que é ao diálogo interior e silencioso da alma consigo mesma, que chamamos pensamento.

Estrangeiro: Mas a corrente que emana da alma e sai pelos lábios em emissão vocal, não recebeu o nome de discurso?



PLATÃO. Sofista.

Ao 'Filosofo'.

'(...)"indo de cidade a cidade", não aqueles que não apenas parecem, mas que realmente são filósofos, observam das alturas em que estão a vida dos homens de nível inferior. A uns eles parecem na realidade, nada valer, e a outros, valer tudo. (...)'


PLATÃO, Sofista. 216d.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Rondó da liberdade.

É preciso não ter medo,
é preciso ter a coragem de dizer.

Há os que têm vocação para escravo,
mas há os escravos que se revoltam contra a escravidão.

Não ficar de joelhos,
que não é racional renunciar a ser livre.
Mesmo os escravos por vocação
devem ser obrigados a ser livres,
quando as algemas forem quebradas.

É preciso não ter medo.
É preciso ter a coragem de dizer.

O homem deve ser livre ...
O amor é que não se detém ante nenhum obstáculo,
e pode mesmo existir até quando não se é livre.
E no entanto ele é em si mesmo
a expressão mais elevada do que houver de mais livre
em todas as gamas do humano sentimento.

É preciso não ter medo.
É preciso ter a coragem de dizer.


Carlos Marighella

sábado, 17 de setembro de 2011

Che Guevara.

"Acima de tudo procurem sentir no mais profundo de vocês qualquer injustiça cometida contra qualquer pessoa em qualquer parte do mundo. É a mais bela qualidade de um revolucionário".

"Se você é capaz de tremer de indignação a cada vez que se comete uma injustiça no mundo, então somos companheiros".

"As tantas rosas que os poderosos matem nunca conseguirão deter a primavera."


Che Guevara.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Ética. Da servidão humana. Spinoza.


Proposição XXVI

Todo esforço que tenha a Razão como princípio não tem outro objeto senão o conhecimento; e a Alma, na medida em que usa a Razão, não julga que nenhuma coisa lhe seja útil, mas apenas aquilo que leva ao conhecimento.

Proposição XXVII

Não existe coisa alguma que saibamos com certeza ser boa ou má senão o que leva realmente ao conhecimento ou pode impedir que conheçamos.


ÉTICA. Da Servidão Humana. Spinoza.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

O Amor Perdoa Tudo.


Fotos de amor são ridículas, mas ainda mais ridículo é nunca tirar fotos de amor.

Não há como esnobar certas aparições, manter pose de intelectual e prometer que dessa máquina não beberei.

Existem fotografias obrigatórias na nossa existência, fiascos essenciais que continuaremos reproduzindo até o Juízo Final. Representam estréias, nascimento, inaugurações, onde é impossível rejeitar o clique. Guarde a reclamação e a timidez no estojo, ficará condicionado a tolerar o xis, olhar o passarinho, arrumar um lugar na barreira e aceitar as ordens de incentivo do fotógrafo.

São imagens que partilham o mistério da música brega: ninguém conhece, todos sabem a letra.

Referem-se às cenas fundamentais do ciclo da vida, espécie de cartões- postais familiares. Sem eles, a sensação é de que não nascemos, de que não tivemos família, de que não pertencemos à normalidade fotogênica do mundo.

É o mesmo que visitar o Egito e não posar na frente das pirâmides, visitar Paris e não ostentar a Torre Eiffel ao fundo do plano, passar pela China e desdenhar as curvas da Muralha.

De que flagrantes estou falando?

Daqueles que não podemos fugir, senão demonstraremos indiferença, frieza, falta de emoção.

Daqueles que debochamos ao encontrar na gaveta dos outros e que ocupam a maior parte de nossos porta-retratos.

Um deles é a troca de cálices no casamento. Quando o noivo e a noiva embaralham os braços. Apesar do desconforto tentacular, o casal tem que sorrir. Qual o menos pior: este brinde de espumante ou o corte a dois do bolo do casamento? Trata-se de uma disputadíssima concorrência para abrir o álbum.

Lembro também do clássico beijo do pai na barriga da gestante. A grávida sempre está nua, o que é involuntariamente engraçado. O homem surge agachado com roupa social diante de sua companheira pelada. Se não fosse a criança por vir, estaria na parede de uma borracharia.

Não dá para esquecer a grande angular do baile de debutantes: as adolescentes como time de futebol, posicionadas em diferentes degraus. E a nossa foto tomando o primeiro banho, usada pela mãe para nos envergonhar na adolescência. E sem os dentes da frente, e lambuzado de chocolate, e sendo lambido pelo cachorro.

Fotos ridículas e inesquecíveis, adequadas para chantagem e suborno, mas que se tornam – por vias tortas – recompensas do amor.

São justamente as fotos que vamos procurar para sentir saudade. E, ao lado dos filhos, rir e chorar ao mesmo tempo.


Fabricio Carpinejar.
Publicado no jornal Zero Hora Coluna semanal, p. 2, 13/09/2011 Porto Alegre (RS), Edição N° 16824

domingo, 11 de setembro de 2011

Charlie Brow

A Ameaça da Canção de Ninar

Quem dorme aceita se retirar da realidade e ficar indefeso. Essa retirada, sem a qual nós não vivemos, pode ser angustiante e deve ser facilitada. Por isso, espera-se  de uma canção de ninar que seja apaziguadora.
No entanto, ainda hoje, no Brasil, ouve-se a canção aterradora com a qual fui criada. Tive o desprazer de constatar isso ligando a Rede Globo e vendo um ator que cantava; enquanto segurava um bebê nos braços; “Dorme, neném, que a Cuca vem pegar. Papai foi pra roça, mamãe foi passear”. O rosto do ator era bonito e do bebê, comovente- dois anjos. Mas, sem ter consciência do que fazia, o ator ameaçava a criança. Dizia-lhe que o pai e a mãe estavam ausentes, e, caso não dormisse, a Cuca a levaria.
Popularmente, a Cuca é uma velha feia parecida com um jacaré. Segundo o Aurélio, um bicho-papão ou papa-gente. E, de acordo com Monteiro Lobato, uma bruxa com unhas compridas como as de um gavião.
Como explicar a vigência de uma canção de ninar tão assustadora, se não pelo sadismo dos adultos em relação ás crianças? Um sadismo cujas consequências podem ser nefastas.
A educação começa no berço, com as primeiras palavras, que tanto podem abrir  quanto fechar os nossos caminhos. Isso significa que o educador — o pai, a mãe ou outra pessoa – precisa atentar para o que diz.
Em vez de fazer menção á Cuca, porque não escolher, por exemplo, uma canção de ninar como as dos Beatles, Good Night? “Hora de dizer boa-noite. Boa noite durma bem. O sol já apagou sua luz. Boa noite durma bem”. Uma canção que associa o sono à desaparição do sol,  fazendo dele um fenômeno natural.
Ninguém é obrigado a procriar.  A obrigação está fora de moda. Mas quem tiver filho precisa se ocupar dele durante a infância com devoção e inteligência. Contrariando os hábitos, se preciso for.
A vida não é fácil e, para evitar dificuldades futuras, a prevenção é sempre melhor do que o tratamento. Nós só nos esquecemos disso porque não somos educados para ser felizes, e sim para repetir o que os outros fizeram sem questionar.


Betty Milan

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Correr Riscos.

Rir é correr risco de parecer tolo.
Chorar é correr riscos de parecer sentimental.
Estender a mão é correr risco de se envolver.
Expor seus sentimentos é correr risco de mostrar seu verdadeiro eu.
Defender seus sonhos e idéias diante da multidão é correr o risco de perder as pessoas.
Amar é correr risco de não ser correspondido.
Viver é correr risco de morrer.
Confiar é correr risco de se decepcionar.
Tentar é correr risco de fracassar.
Mas os riscos devem ser corridos, porque o maior perigo é não arriscar nada.
Há pessoas que não correm nenhum risco, não fazem nada, não tem nada e não são nada.
Elas podem ate evitar sofrimento e desilusão, mas elas não conseguem nada, não sentem nada, não mudam, não crescem, não amam, não vivem.
Acorrentados por suas atitudes, elas vivem escravas, privam-se da sua liberdade.
Somente a pessoa que corre riscos é livre.

Sêneca.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

O Amor é que é Essencial.

O amor é que é essencial.
O sexo é só um acidente.
Pode ser igual
Ou diferente.
O homem não é um animal:
É uma carne inteligente.
Embora às vezes doente.


Fernando Pessoa. Das Coligidas.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Vivem em nós inúmeros;


Vivem em nós inúmeros;
Se penso ou sinto, ignoro
Quem é que pensa ou sente.
Sou somente o lugar
Onde se pensa ou sente.

Tenho mais almas que uma.
Há mais eus do que eu mesmo.
Existo todavia
Indiferente de todos.
Faço-os calar: eu falo.

Os impulsos cruzados
Do que sinto ou não sinto
Disputam em quem sou.
Ignoro-os. Nada ditam
A quem me sei: eu 'screvo.


Fernando Pessoa. Ficções do Interlúdio / Odes de Ricardo Reis.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Eu Amo tudo o Que Foi,

Eu amo tudo o que foi,
Tudo o que já não é,
A dor que já me não dói,
A antiga e errônea fé,
O ontem que dor deixou,
O que deixou alegria
Só porque foi, e voou
E hoje é já outro dia.



Fernando Pessoa. Poesias Coligidas / Inéditas 1919-1935