terça-feira, 17 de abril de 2012
A Miséria do Meu Ser.
A miséria do meu ser,
Do ser que tenho a viver,
Tornou-se uma coisa vista.
Sou nesta vida um qualquer
Que roda fora da pista.
Ninguém conhece quem sou
Nem eu mesmo me conheço
E, se me conheço, esqueço,
Porque não vivo onde estou.
Rodo, e o meu rodar apresso.
É uma carreira invisível,
Salvo onde caio e sou visto,
Porque cair é sensível
Pelo ruído imprevisto...
Sou assim. Mas isto é crível?
Do ser que tenho a viver,
Tornou-se uma coisa vista.
Sou nesta vida um qualquer
Que roda fora da pista.
Ninguém conhece quem sou
Nem eu mesmo me conheço
E, se me conheço, esqueço,
Porque não vivo onde estou.
Rodo, e o meu rodar apresso.
É uma carreira invisível,
Salvo onde caio e sou visto,
Porque cair é sensível
Pelo ruído imprevisto...
Sou assim. Mas isto é crível?
Fernando Pessoa.
segunda-feira, 16 de abril de 2012
Viva a Poesia.
O que
dar a um jovem poeta
Para que
nele
Nunca falte
a inspiração?
Não
espere que eu responda,
Pois como
jovem e poeta
Também não
sei,
Apenas busco
saber.
Sei que
em alguns momentos
A própria
vida me oferece
Assim sem
pedir nada em troca.
Ela só
diz: viva!
Pois o
poeta
(não só
o que escreve,
A poesia
ultrapassa
Qualquer
palavra)
Se expande
no universo
E a
tudo e a todos pertence.
O poeta
é do mundo.
A vida
está ai para ser admirada
Para
que se contemple
Todo esse
mundo belo
De ideias,
contos, cantos,
Sons,
imagens, toques,
E sempre
de sentimentos.
Não ter
poesia na alma
É perder
toda a beleza da vida
Aprecie,
admire, veja,
Viva toda
a vida
Com toda
beleza.
Pablo Vinícius.
quarta-feira, 4 de abril de 2012
Linha do Tempo.
Hoje eu acordei
com uma imensa vontade de colocar no papel algo sobre a minha trajetória de
vida. Recorri às fotos antigas, aos escritos amarelados, aos documentos
arquivados e, principalmente, às minhas memórias afetivas: presentes e
passadas.
Nasci no sítio
no seio de uma família grande em extensão e pequena em posses por isso logo
percebi o mundo que me esperava não era tão pequeno quanto parecia. Era grande,
e muito. Mas os meus pensamentos fizeram de mim, um ser grande. Não em ganância,
mas em ideias...
O que esperar
de um pai agricultor que a única terra que tinha era a das unhas dos pés? E de
uma mãe lavadeira de roupa que não tinha condição de me colocar numa boa escola
nem mandar para outra cidade quando terminasse a 4ª série? Como conseguir
comprar uma roupa nova pra vestir noite de festa? Como ter um trocado pra
comprar, no recreio da Escola Vicente Gurgel, o doce seco de Zefa de Chico Doca
ou alfenim de Dionísia de Antônio Galdino?
Já sei!!! A
educação é a resposta pra tudo isto!!!
Não se consegue
nada com facilidade. E quem é pobre, menos ainda.
No meu tempo de escola tão tinha um transporte que passava na porta da casa, não tinha merenda, mas não perdia um dia de aula. A não ser que o Riacho de Manoel Nem não desse passagem.
No meu tempo de escola tão tinha um transporte que passava na porta da casa, não tinha merenda, mas não perdia um dia de aula. A não ser que o Riacho de Manoel Nem não desse passagem.
Num misto de
dificuldade e alegria consegui concluir o primário no Grupo Escolar Vicente
Gurgel. Indo para a Escola de 1º e 2ª Graus Daniel Gurgel cursar o 2º grau,
hoje ensino médio. À época, minha mãe juntava um dinheirinho de lavagem de
roupa pra pagar a mensalidade. Sim, porque quando começou tinha que pagar a
mensalidade. E o pai que tivesse dois filhos matriculados só pagava um.
Conclui o
ensino médio. Curso de Auxiliar de escritório. Faço vestibular pra o curso de
Letras pela FURN- (é o novo!!) uma, duas vezes e nada.Em Janduís, na Escola
Municipal Aluízio Gurgel chega o curso magistério e eu já trabalhando na
referida escola, como Professor de Educação Artística matriculei-me. Ao
concluir tentei novamente vestibular, dessa vez pra Pedagogia para o Campus de
Patu. Consegui êxito e conclui o curso em solenidade de 10 de fevereiro de
1996.
Nessa
trajetória construí muitas amizades, encontrei uma namorada que é hoje minha
esposa e realizei alguns dos sonhos, fiz conquistas importantes pra minha vida
pessoal e profissional.
Ao concluir o
curso de Pedagogia achei que ainda faltava algo. Um filho de Honório do Clarão
não deve ser apenas “formado”. Ter um título é coisa bonita, principalmente pra
quem não tem “posses”. Já pensou um dia eu com um doutorado?
Entrei pra um
curso de Pós-graduação a titulo de especialista em gestão educacional pela
Faculdade Integrada de Patos-FIP. Em 2012 e resolvo me inscrever no PSV da UERN
para o curso de Letras. Não é que sou aprovado?
Grandes
desafios. 1º: curso matutino. 2º: não tem transporte à disposição nesse
horário; 3º: já estou com 47 anos de idade e quando terminar o curso, devo
estar me aposentando de sala da aula. Mas... eu não disse que ia fazer o curso
de LETRAS apenas pra ser professor.
Hoje eu estou
frente ao “meu” computador.
Digo isto
porque há 16 anos conclui o curso de Pedagogia, não tinha como registrar meus
escritos, pois comutador, mesmo já existindo, era difícil. Maquina de escrever,
só das repartições públicas. Já não existia o curso de datilografia na Junta de
Serviço Militar. A alternativa era fazer manuscrito. Ai já viu, é perder-se
logo, ou virar páginas amarelas.
Aos 47 anos de
idade, minha esposa e um bocado de gente me presentearam um computador chamado
de notebook que você pode levar a tiracolo. Numa festa que nunca tive em intera
de ano, enquanto morei no Clarão, porque lá de grande só o campo de aviação e o
açude 17.
Eu comecei esse
texto dizendo que tinha acordado com uma vontade imensa de colocar um pouco da
minha trajetória de vida. Pois bem, começa mais uma etapa e agora, além de
poder registrar no “meu” computador eu construí também a oportunidade de
produzir por escrito as minhas ideias e transformar em LETRAS a linha do meu
tempo.
Valdécio Fernandes Rocha.
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