quarta-feira, 4 de abril de 2012

Linha do Tempo.



Hoje eu acordei com uma imensa vontade de colocar no papel algo sobre a minha trajetória de vida. Recorri às fotos antigas, aos escritos amarelados, aos documentos arquivados e, principalmente, às minhas memórias afetivas: presentes e passadas.
Nasci no sítio no seio de uma família grande em extensão e pequena em posses por isso logo percebi o mundo que me esperava não era tão pequeno quanto parecia. Era grande, e muito. Mas os meus pensamentos fizeram de mim, um ser grande. Não em ganância, mas em ideias...
O que esperar de um pai agricultor que a única terra que tinha era a das unhas dos pés? E de uma mãe lavadeira de roupa que não tinha condição de me colocar numa boa escola nem mandar para outra cidade quando terminasse a 4ª série? Como conseguir comprar uma roupa nova pra vestir noite de festa? Como ter um trocado pra comprar, no recreio da Escola Vicente Gurgel, o doce seco de Zefa de Chico Doca ou alfenim de Dionísia de Antônio Galdino?
Já sei!!! A educação é a resposta pra tudo isto!!!
Não se consegue nada com facilidade. E quem é pobre, menos ainda.
No meu tempo de escola tão tinha um transporte que passava na porta da casa, não tinha merenda, mas não perdia um dia de aula. A não ser que o Riacho de Manoel Nem não desse passagem.
Num misto de dificuldade e alegria consegui concluir o primário no Grupo Escolar Vicente Gurgel. Indo para a Escola de 1º e 2ª Graus Daniel Gurgel cursar o 2º grau, hoje ensino médio. À época, minha mãe juntava um dinheirinho de lavagem de roupa pra pagar a mensalidade. Sim, porque quando começou tinha que pagar a mensalidade. E o pai que tivesse dois filhos matriculados só pagava um.
Conclui o ensino médio. Curso de Auxiliar de escritório. Faço vestibular pra o curso de Letras pela FURN- (é o novo!!) uma, duas vezes e nada.Em Janduís, na Escola Municipal Aluízio Gurgel chega o curso magistério e eu já trabalhando na referida escola, como Professor de Educação Artística matriculei-me. Ao concluir tentei novamente vestibular, dessa vez pra Pedagogia para o Campus de Patu. Consegui êxito e conclui o curso em solenidade de 10 de fevereiro de 1996.
Nessa trajetória construí muitas amizades, encontrei uma namorada que é hoje minha esposa e realizei alguns dos sonhos, fiz conquistas importantes pra minha vida pessoal e profissional.
Ao concluir o curso de Pedagogia achei que ainda faltava algo. Um filho de Honório do Clarão não deve ser apenas “formado”. Ter um título é coisa bonita, principalmente pra quem não tem “posses”. Já pensou um dia eu com um doutorado?
Entrei pra um curso de Pós-graduação a titulo de especialista em gestão educacional pela Faculdade Integrada de Patos-FIP. Em 2012 e resolvo me inscrever no PSV da UERN para o curso de Letras. Não é que sou aprovado?
Grandes desafios. 1º: curso matutino. 2º: não tem transporte à disposição nesse horário; 3º: já estou com 47 anos de idade e quando terminar o curso, devo estar me aposentando de sala da aula. Mas... eu não disse que ia fazer o curso de LETRAS apenas pra ser professor.
Hoje eu estou frente ao “meu” computador.
Digo isto porque há 16 anos conclui o curso de Pedagogia, não tinha como registrar meus escritos, pois comutador, mesmo já existindo, era difícil. Maquina de escrever, só das repartições públicas. Já não existia o curso de datilografia na Junta de Serviço Militar. A alternativa era fazer manuscrito. Ai já viu, é perder-se logo, ou virar páginas amarelas.
Aos 47 anos de idade, minha esposa e um bocado de gente me presentearam um computador chamado de notebook que você pode levar a tiracolo. Numa festa que nunca tive em intera de ano, enquanto morei no Clarão, porque lá de grande só o campo de aviação e o açude 17.
Eu comecei esse texto dizendo que tinha acordado com uma vontade imensa de colocar um pouco da minha trajetória de vida. Pois bem, começa mais uma etapa e agora, além de poder registrar no “meu” computador eu construí também a oportunidade de produzir por escrito as minhas ideias e transformar em LETRAS a linha do meu tempo.

Valdécio Fernandes Rocha.

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