sábado, 23 de agosto de 2014

Rabiscos XXII

O mundo surge do caos
A força misteriosa da natureza
Forma e une os elementos

Todo o caos presente em mim
Também cria um mundo
Mas ele é apenas desencontro.


Pablo Vinícius de Oliveira
23/08/2014

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Ela mar, Sol e Lua

Ela é sem querer ser
Musa, de carne e sangue de luta
É feita de mar e onda
De brisa, vento que balança
Corpo que dança
Ela é a causa da ressaca
A própria imagem dos orixás
É a Iemanjá que dança suave
Nas pedras dos recifes

Tem som de passarinho
A imagem do teu andar
Curva de rio o teu sorriso
E vermelho de guerra
É a cor dos teus lábios
Tem de amor
Um corpo inteiro que transborda
Ela é sonho bom
Que não preciso acordar ou dormir

Penso ser só poesia aquela mulher
Ser todo Sol e solar
Brinca na chuva e corre na lama
Tem asa sobre o infinito
Não é necessário que eu fale
Ela é poesia viva
Palavra cantada
Canção e letra num corpo poético
E mesmo quando se põe
Ela ainda brilha
Como Lua delicada no céu de agosto


Pablo Vinícius de Oliveira
13/08/2014

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Morrer poesia

Tomo mais um gole
Uma e outra garrafa
Já perco a noção do perdido
E já me esqueço das tristezas

Cada minuto
Um a mais, outro a menos
Ela não dá trégua
Quando mais vivo, mais morro

Mais uma garrafa
Para esquecer que perdi a hora
A cabeça, a esperança
Que perco toda noite o sono

Perco todos os amores
Com eles vivo de ponta cabeça
Um novo, e mais uma desilusão
Morro todo dia

Poeta de calçada
Dos bares e das cachaças
Da porta dos fundos
Das ondas do mar

Dos amores sem sentido
Dos poemas sem ouvidos
Sendo só amor e poesia

Quero morrer todo dia de amor
Morrer poesia
E nascer poeta.


Pablo Vinicius de Oliveira
08/08/2014 

terça-feira, 5 de agosto de 2014

Desencontros

Há um desencontro entre a realidade e a vida ideal
A Palestina e suas crianças mortas
As meninas e o assedio de quem as protege
Os Amarildos, e quem são tirados à força de casa
E nunca mais voltam
Todas as Cláudias, arrastadas e mortas

Todas as mulheres, negras, pobres
Oprimidas, presas e impotentes
Os meninos como DG
E as famílias destruídas pela violência (policial)

Essa guerra que constrói
O imperialismo doente e devastador
E esses sonhos sem acordar
Toda falta de amor
E todo amor desperdiçado

As casas fechadas e vazias
E as praças sem ninguém
Os animais e as pessoas abandonadas

As minhas portas abertas
E ninguém a entrar
Tentativas de carinho
Sem corpos para tocar

Meus olhos que não cruzam os teus

Um desencontro
Entre eu e a menina da revolução
Revolução de carinho
Entre todos
E entre nós dois.


Pablo Vinícius de Oliveira
05/08/2014