domingo, 2 de agosto de 2020

o sertão que habita em mim

na pele seca  

nos lábios rachados  

 

o semiárido do meu corpo  

magro, esquio  

a fome, a sede 

o sol escaldante castigando  

a pele, o pelo, a paz 

 

a estiagem carregada  

pela memória fraca  

pelo corpo curvado  

 

a minha boca seca  

do árido sertão  

 

tudo se encheu de inverno  

se desmanchou em água  

e se derramou sobre nossos corpos  

 

como uma nuvem carregada 

de trovoadas, raios e relâmpagos  

e tua luz, e tua energia  

me encheram de vida  

 

como se o sertão fosse 

banhado pelas chuvas 

 

e cada espaço em mim 

foi tomado pela sua água  

como um açude que enche e sangra 

como uma barragem que transborda 

 

 

Pablo Vinícius de Oliveira

11/06/2018