sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Rabiscos XXIV

Irei desistir dos amores
Enquanto forem tempos de ocupação
Com tanta coisa pra fazer
Não sei fazer outra a não ser amar.


Pablo Vinícius de Oliveira
29/10/2014

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Porque votei Dilma 13

Nasci numa família classe baixa, minha mãe era professora do ensino público municipal, meus avós eram agricultores e já aposentados. Para mim nunca faltou nada, sempre tive o feijão com arroz e cuscuz na mesa, uma roupa limpa para vestir, um brinquedo para a diversão. O trabalho de minha mãe, mesmo ganhando pouco serviu para me dar as condições que ela não teve.
Quando nasci muita gente ajudou minha mãe, doando a ela aquilo que seus filhos não mais utilizavam e já não os servia. Assim foi meu berço, algumas peças do enxoval e algumas roupinhas. Minha mãe fez o mesmo, sempre me ensinou a dividir o que era meu e que não mais me servia, o mesmo berço que um dia me serviu foi doado e serviu a outra mãe e criança, roupas e brinquedos meus e posteriormente dos meus irmãos também foi assim. O que não nos serve servirá a outro.
Eu vi a seca de perto, a fome, a miséria. Ainda lembro-me dos saques feitos pelos próprios sertanejos aos carros que traziam cestas básicas àqueles que sofriam com a seca para que nem todos morressem de fome. A fome não espera. Vi animais e humanos morrendo de fome e de sede, e meu avô e meus tios se desesperarem vendo os bichos sucumbirem à fome sem nada para fazer.
Vi muita gente chegar lá em casa e pedi a meu avô para morar numa casa composta apenas por uma sala que pertencia a ele e se localizava ao lado da nossa, meu avô com rapidez e sempre que podia a disponibilizava sem cobrar um único centavo.
Vi crianças irem à escola com roupas rasgadas, sujas, maltrapilhas, com fome, se não tinha comida imagine sabão para lavar as roupas. Por vezes tudo que tinham para comer era o fraco lanche oferecido pela escola. A desnutrição matava sem piedade e nossas crianças eram vitimas da pobreza e da fome. Vivi em um tempo em que guardávamos as sobras do almoço, não na geladeira, talvez nem a tivéssemos ainda, mas para aqueles que não tinham o que comer e passavam de porta em porta pedindo.
Vivi em um período em que universidade era coisa pra gente rica, que tinha condição de pagar boa escola e de manter seu filho morando na capital, pois universidade não chegava ao interior. Filho de pobre sonhava com a universidade de atrevido porque não era algo feito para ele. Feliz daquele que conseguisse terminar o ensino médio, já era um grande vencedor.
Nesse tempo, pobre tinha como transporte os pés calçados com uma chinela velha com um arame segurando o botão. No máximo uma bicicleta velha enferrujada para conseguir chegar à roça para trabalhar. 
Contudo, vivi para ver Lula ser eleito presidente do Brasil como o primeiro presidente da classe trabalhadora, e o vi assumir seu principal compromisso com os pobres e com o fim da fome e da miséria.
De Lula até hoje a realidade não é mais a mesma que eu vivi na infância. Eu vivi e vi tudo melhorar. A seca não mata mais o homem/mulher e o animal. Ninguém mais saqueia caminhões com mantimentos porque estas pessoas já tem o que comer.
Hoje todos têm condições de comprar sua casinha, há anos ninguém mais bate a porta de minha casa para pedir ao meu avô uma moradia. Meu avô não tem mais o prazer de ajudar, mas tem a satisfação de saber que qualquer um pode ter um lar digno para viver com sua família.
Hoje em dia observo as crianças que chegam à turma de primeiro ano de minha mãe, todos bem vestidos, limpos e alimentados. Eles hoje comem um lanche de qualidade comprado dos próprios produtores rurais locais e com total acompanhamento de uma nutricionista. Hoje a desnutrição na creche de minha cidade é zero, e ainda assim todas as crianças são acompanhadas pelos professores e profissionais responsáveis.
Faz tanto tempo e não lembro qual foi a ultima vez que alguém passou na porta de minha casa pedindo as sobras do almoço para matar sua fome, diferente do que acontecia tão frequentemente há 12 anos.
Vivi para ver a SAMU atender a casos de emergência com rapidez e eficácia, as UPA’s darem apoio nos atendimentos de urgência e emergência, diminuindo as filas nos prontos-socorros dos hospitais, vi médicos serem deslocados para atender no interior dos estados, beneficiando mais de 50 milhões de habitantes dos lugares mais pobres e desconhecidos que sofriam com a falta desses profissionais.
Hoje, eu filho de professora de rede publica e neto de agricultores do interior do RN, estou no ensino superior, na melhor universidade do norte/nordeste, onde antes apenas os ricos frequentavam. E não sou só eu, são milhões de jovens que agora tem acesso a academia. Hoje o filho do pedreiro pode virar doutor, e a universidade além de estar em constante melhoria, equipada, com livros e totalmente estruturada ainda dá a oportunidade para que seus alunos de baixa renda estudem sem precisar dividir seu tempo da faculdade com o emprego, concedendo bolsas de pesquisa, auxilio e extensão.
Vivi para ver cerca 500 Institutos Técnicos profissionalizantes serem construídos, ensino tão bom quanto o das melhores escolas particulares e com amplo acesso as camadas mais humildes, atendendo todos os lugares do Brasil. Vi 18 novas Universidade Federais serem criadas, inclusive uma no meu semi-árido (UFERSA), e 152 novos Campi colocando o ensino superior não só na capital, como também no interior. Vi milhões de estudantes de classe baixa sair do ensino médio e ingressarem numa universidade através do PROUNI e FIES.
Hoje vejo meus amigos e conhecidos, da mesma classe econômica que eu e por vezes até mais baixa, com seus transportes, sejam eles motos ou carros. Bicicleta em grande parte dos casos ficou para aqueles que optaram pela prática do exercício que ela proporciona.
Tudo isso graças aos projetos e programas implantados durante esses anos e pela valorização do salário mínimo.
Eu vivi para ver o Brasil mudar, eu vivi para ver pobre ter vez, eu vivi para ver um dos países mais desiguais do mundo permitir que seu povo tenha dignidade, eu vivi para ver 36 milhões deixarem a miséria, eu vivi para ver o meu país sair pela primeira vez na história do mapa da fome.
Eu vivi para ver o Brasil não depender mais do FMI, e ser um país respeitado mundialmente, inclusive deslocando o polo econômico mundial, antes euronorte-americano, para os países emergentes.
Eu vivi para ver um operário e posteriormente uma mulher que lutou contra a ditadura militar, que foi presa e torturada ser presidente/a do Brasil.
Eu vivi para ver o meu país ser muito mais justo e igual.
Por isso e por muito mais eu voto 13, sem medo de ser feliz e de coração valente, contra o retrocesso ou qualquer forma de preconceito e discriminação eu estou com Dilma Rousseff.


Pablo Vinícius de Oliveira
Aluno de Licenciatura em Filosofia na UFRN

Obs: texto escrito e postado no meu perfil no facebook no dia 25 de outubro véspera da eleição. 

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Entre os infinitos do universo e os desertos da minh’alma

Há em mim um deserto inteiro
um Saara de erros, de horas perdidas
e de tentativas cobertas pelas tempestades de areia.

Penso não existir nada maior que a maldade humana
associada a estupidez infinita que afeta a humanidade
mas creio que há em mim algo que se aproxime disso

Não é meu deserto de vazios, de erros e horas perdidas
ele é enorme, mesmo assim o levo comigo como se fosse o chaveiro de casa
aquele mundo de fracassos que carregamos no bolso pra onde quer que vamos

Há em mim uma vontade incontrolável de amar
um desejo sem limites de amor, de ser só amor
não vejo limites para isso, não enxergo um fim

E mesmo que a maldade humana seja assim tão imensa
e que a cada dia mais e mais os desertos se expandam
cresceu em mim uma esperança de amor e de amar

quando te vi pela primeira vez dormir.


Pablo Vinícius de Oliveira
24/10/2014

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Rabiscos XXIII

Constatações sobre o amor indicam:
quando estamos dentro não queremos sair
quando saímos não queremos mais entrar.

Ah, se fosse assim também comigo
Sempre levo a chave do amor quando saio.


Pablo Vinícius de Oliveira
13/10/2014