domingo, 14 de fevereiro de 2016

sede

quando me desce nua
umedece a roupa
a boca
e se estende
o que não se veste

norte, sul, leste, oeste
dos teus lençois 
planícies inundadas
e montes a explorar
a sós

num único sol
pelos
rios
e águas

e boca seca e sede
que eu saiba o que beber


Pablo Vinicius de Oliveira
14/02/2015

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Rabiscos LIII

me entreti em Neruda
sabendo que cada palavra
escrita para Matilde, tão bem amada
eram cópias das que eu escreveria para você

Pablo Vinícius de Oliveira
11/02/2016

vinho, me leva

me embebedo do vinho
e tomo você a cada gole
a cada vez que viro a taça
e a tua boca me falta

e tuas palavras nas minhas
me falta, me falta teu olhar aqui
como se o mundo fosse acabar
falta tuas mãos sobre mim

em pele e osso
minha carne consumida
em sua carne
dentro desse mundo
só nós

e os laços
mãos e braços que me tocam
os abraços
só os teus
é corpo e alma

o desejo, meu sonho
 – me leva



Pablo Vinícius de Oliveira
03/02/2016
livrei minha solidão
da dura tarefa de existir
solidão tem sempre
vontade de partir

quando te espero aqui
ela parece que volta
no zumbido do vento
ou na folha que cai

só parece, pois logo desaparece
qualquer vestígio de estar só
é só despertar teus passos
na mira dos meus olhos

e desencadear em mim
qualquer coisa de felicidade
qualquer coisa de caminhar junto
qualquer coisa de ter teus olhos
na mira e mirando os meus.


Pablo Vinícius de Oliveira
22/01/2016

Rabiscos LII

no mundo líquido
me fiz de mar
e você em mim deságua.

Pablo Vinícius de Oliveira
07/11/2015