quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

o amor não é um parque de diversões ou talvez seja

talvez o amor não seja como um carrossel
que dá voltas e voltas
sem sair do lugar
talvez o amor não seja como uma roda gigante
cheia de altos e baixos
nesse loop infinito
sem jamais sair do lugar

o amor corre
o amor morre
o amor revive
a cada dia
e a cada tempo

instrumento
da vida que não para
do tempo que passa
dos ciclos que findam
e que se renovam
e que recomeçam

o amor é o renascer
a cada dia um pouco melhor
a cada fim um pouco maior


Pablo Vinícius de Oliveira
06/12/2017

quinta-feira, 10 de agosto de 2017

trinta e uma vezes

todos os dias
eu decido umas trinta vezes
te deixar
diante de tudo e de tanto

nesta tarde triste
trilhas tortas
na tua pele
teria feito sem esforço

mas me esforço
sempre para dizer não
de mãos fechadas
fichas apostadas

porém eu perco sempre
perdido nos teus pelos
pele, sorriso e peito

todos os dias
eu decido trinta vezes
te deixar
trinta e uma vezes
eu deixo pra depois

Pablo Vinícius de Oliveira
10/08/2017 

segunda-feira, 7 de agosto de 2017

detesto o fim de semana

agora eu detesto o fim de semana
e como é triste, eu atesto
espero de segunda a sexta
de besta, não há protesto
porque eu detesto o fim de semana
e mesmo assim eu espero
a semana toda de tudo
mas o fim de semana de nada
tenho tantas tristes lembranças
e os fins de semana todos
e todo esse tempo
tanto tempo que eu penso
que eu me lembro

e eu passei a detestar 
aquilo que todo mundo ama
eu detesto o fim de semana
sem nenhum pudor
não há mais amor
no fim de semana


Pablo Vinícius de Oliveira
07/08/2017

quinta-feira, 3 de agosto de 2017

mesmo assim

mesmo que o por do sol não seja divino
e ninguém tenha dividido
o pão com o mendigo
na passarela de uma compra a outra
e mesmo que esteja solta no mundo
e não te falte nem por um segundo
o que fazer e o que pensar
mesmo que esteja a penar
este salário baixo nesta correria
em que não ache nenhum dia
que isso tudo não vale a pena
e mesmo que seja pequena
a vida, e longos todos esses dias de cansaço
e mesmo que alguém te diga
que só existe ela entre a terra e o espaço
e mesmo que caia os governos
e se desgoverne os carros
as casas todas trancadas
e trancafiados todos os pobres
e mesmo que tenha secado
a água fervente do açude
ou que ninguém acude
aquele outro acidentado

e mesmo que tenha acabado
e mesmo que tenha partido
lembre-se deste alguém que a amou



Pablo Vinícius de Oliveira
02/08/2018

sábado, 29 de julho de 2017

suco de beterraba e cenoura...


as ceroulas quentes no calor dos trópicos
tropicar em solos planos
planejar para daqui a vinte anos
essa vida da gente
ser governado por quem não foi eleito
e votar em quem não presta
tatuar na testa por justiça
de quem a vida tratou de ser injusta

matilde sem neruda
poeta sem sua musa
um dia só sem ouvir música
e uma vida inteira sem amar
o sabor do chocolate amargo
(gozar sem ser chupado)
morrer de velho sem sonhar
gente que dorme na rua
e carro que dorme em prédio
um olhar de mistério
quando se quer se entregar nua

nada disso faz sentido
mesmo assim a gente tem vivido
de lombra, de absurdo, esquisito

Pablo Vinícius de Oliveira
26/06/2017