na pele seca
nos lábios rachados
o semiárido do meu corpo
magro, esquio
a fome, a sede
o sol escaldante castigando
a pele, o pelo, a paz
a estiagem carregada
pela memória fraca
pelo corpo curvado
a minha boca seca
do árido sertão
tudo se encheu de inverno
se desmanchou em água
e se derramou sobre nossos corpos
como uma nuvem carregada
de trovoadas, raios e relâmpagos
e tua luz, e tua energia
me encheram de vida
como se o sertão fosse
banhado pelas chuvas
e cada espaço em mim
foi tomado pela sua água
como um açude que enche e sangra
como uma barragem que transborda
Pablo Vinícius de Oliveira
11/06/2018
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