terça-feira, 11 de novembro de 2014

Inútil só serve para poesia, Manoel

O infinito do poeta
Não é maior que a formiga
O infinito é miúdo, Manoel
Você sabia

Sua palavra não teve limites
Transformou tudo em poesia
E para a poesia
Qualquer coisa serve para muita coisa

Mas ser inútil só serve para uma coisa:
Para ser poeta
E no seu lugar de ser inútil
Você expandiu o mundo e foi sempre criança

A gente não tem história
Só temos invenções
E as contamos como quem não quer nada
Pelas desbiografias que escrevemos

Quem tem vidro mole por traz da casa
Nunca terá enseada
A gente sonha, Manoel
E graças a isso fazemos curvas

Quem é passarinho
E inventa o fazedor de por do sol
Tem em si um único destino
De quando crescer ser poeta

E esse nossa vida tão preciosa
Igual à folha que cai no outono
Manoel, uma hora ela se desagarra
E a pequenez se infinita

O horizonte se agita
O menino que levou água na peneira
Viveu pra ser poeta
E encontrará o infinito para ser poesia.


Pablo Vinícius de Oliveira
11/11/2014
Dedicado a Manoel de Barros o Poeta do inútil.

Nenhum comentário:

Postar um comentário